| Ministério Público denúncia vice-prefeito Jair Junior por crimes contra a ex-namorada
Após 32 anos, a Câmara Municipal de Lages reconheceu a importância do festival
Tardiamente, neste ano, a Câmara de Vereadores reconheceu a sapecada da canção nativa como patrimônio cultural e imaterial de Lages, seguindo o exemplo do estado de Santa Catarina, que concedeu o mesmo reconhecimento no ano de 2024. Foram necessários mais de 30 anos para que a sapecada fosse reconhecida como o maior evento cultural realizado em Lages até hoje.
A Sapecada da Canção Nativa vai além das apresentações musicais, ela foi criada dentro de uma consciência de cultura e identidade de princípios que fazem do festival um dos maiores eventos da tradição gaúcha do Sul do Brasil. Em 1993, ano em que foi criado o evento, a avassaladora propaganda da globalização fazia acreditar que a humanidade tinha apenas uma identidade cultural.
Quebrando paradigmas do tempo, um grupo ousado de nativistas, inspirados nos festivais que aconteciam pelo Rio Grande do Sul, idealizou um projeto que promovesse a cultura local ligada às tradições gaúchas. Neste sentido, a sapecada, que é o pinhão assado no espinho seco da araucária, difundido por tropeiros e indígenas e mantido pelos moradores da região serrana, foi escolhida como o símbolo da cultura nativista na cidade de Lages.
O festival não ficou preso aos palcos da sapecada, compositores e intérpretes do Uruguai, Argentina e Chile participaram do evento difundindo suas vivências e costumes, tornando a sapecada como o maior evento de cultura gaúcha do sul do Brasil e do Conesul.
Aqueles que tiveram oportunidade de assistir a algum dos festivais perceberam o forte componente da integração da cultura dos “gauchos” pela execução dos ritmos regionais folclóricos, como a chacareira originária do noroeste da Argentina, tocada com violão e bombo leguero. A catira, o bugio e a moda de viola, ambos do Brasil. A chamarra, o rasguido-doble e a milonga, ritmos mais conhecidos do público, também fazem parte deste universo musical.
Em busca de inspiração para as letras das músicas e poesias, alguns compositores empreenderam viagens em pampas estrangeiras e lá conheceram pessoas de culturas diferentes, mas que tinham em comum a tradição dos “gauchos” – o homem gaucho – que era um “órfão” sem pátria e lei, sem casa ou patrimônio, caminhava bravamente pelos campos da América do Sul em busca pela sobrevivência.
Do gaucho ao gaúcho, do passado ao presente, a sapecada da canção nativa preserva os costumes e as histórias dos antepassados através da música, por isso é o símbolo máximo da cultura da região serrana de Lages.
Deixe seu comentário